Psicologia e psicoterapia
O que faz o psicólogo?
Existem centenas de abordagens psicológicas que têm sido utilizadas para ultrapassar dificuldades emocionais e outros transtornos psicológicos. Existem muitos tipos de psicoterapia e medicações, dos quais alguns serão mais eficazes para tratar um problema específico.
Tendo em conta a grande variedade de tratamentos psicológicos disponíveis e a importância do custo – eficácia de cada abordagem, alguns países e associações de psicologia, nomeadamente a APA (secção 12), conduziram estudos e definiram orientações profissionais sobre os tratamentos psicológicos que são realmente eficazes.
A Associação Americana de Psicologia elaborou, em resultado das suas investigações, uma síntese onde discrimina "Tratamentos bem estabelecidos" e "Tratamentos provavelmente eficazes".
A nossa perspetiva é a de utilizarmos como referência para a intervenção tratamentos bem estabelecidos e de eficácia comprovada cientificamente, que maximizam a relação custo/eficácia, ou seja, que permitam obter os melhores resultados possíveis no mais curto espaço de tempo. Alguns exemplos de modelos de tratamento que utilizamos são:
- Depressão – Terapia Cognitiva de Aaron Beck, entre outras
- Fobia Social e Ansiedade Social – Debra A. Hope e Richard G. Heimberg, entre outras
- Ansiedade – Terapia Cognitivo-comportamental de Brown, T.; O´Leary, entre outras
- Ansiedade e Preocupações – Richard E. Zinbarg, Michelle G. Craske, entre outras
- Stress – Terapia de Leahy, R., Zinbarg M., entre outras
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo – David S. Riggs e Edna B. Foa
- Transtorno de pânico e agorafobia – Terapia Cognitivo-comportamental de Barlow, D. H. & Cerny, J. A., entre outras.
Estes tratamentos são recomendados pela Associação Americana de Psicologia, a maior autoridade mundial na área da psicologia, que realça a importância das psicoterapias que demonstram eficácia no tratamento de diversos problemas. Existem muitos tipos de psicoterapias, mas só algumas realmente funcionam e demonstram resultados. Ainda que nenhum psicólogo possa garantir que um tipo de terapia vai ser eficaz com todos os clientes (até porque há variáveis do próprio cliente e do próprio terapeuta que influenciam o processo), a investigação científica tem demonstrado que há algumas formas de terapia que possuem mais probabilidades de sucesso do que outras.
Quase todos os investigadores e técnicos concordam que os tratamentos empiricamente validados devem ser adaptados às necessidades individuais dos clientes/terapeuta, de forma a torná-los mais eficazes no mundo real e complexo da psicologia clínica.
A terapia cognitiva é um excelente tratamento para a depressão, ansiedade, ataques de pânico, culpabilização e medos. Estas técnicas podem ser altamente eficazes e funcionar rapidamente, mesmo sem o uso de medicação. Nós procuramos uma atualização permanente na nossa formação e na nossa biblioteca, no sentido de providenciar as melhores técnicas disponíveis e os melhores manuais, a nível mundial, de tratamento para cada transtorno psicológico.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) inclui um conjunto de técnicas que são usadas em conjunto e que têm sido sistematicamente avaliadas com resultados muito positivos. A TCC difere de outras formas mais tradicionais de terapia nos seguintes aspetos:
– A TCC é diretiva, na qual o terapeuta está ativamente envolvido e faz sugestões muito específicas.
– A TCC centra-se na mudança de um problema particular. Há outras formas de psicoterapia que se centram no conhecimento das causas profundas de um problema, mas não oferecem estratégias específicas para ultrapassar o problema.
– A TCC tem uma duração mais curta que muitas outras formas de psicoterapia.
– A TCC centra-se em crenças e comportamentos atuais, que são responsáveis pela manutenção do problema. Outras formas de psicoterapia centram-se mais em experiências decorridas na infância. Isto não implica que a TCC não explore aspetos ocorridos há muito tempo na vida das pessoas.
– Na TCC o terapeuta e cliente trabalham em conjunto.
– A TCC envolve a mudança de crenças e comportamentos para que o cliente seja capaz, autonomamente, de lidar com os problemas.
Algumas pessoas têm a ideia de que ir ao psicólogo irá ser apenas uma conversa infrutífera, banal, sem grandes resultados práticos. Mas isto está muito longe da realidade. O psicólogo tem uma grelha de leitura e um quadro conceptual que permite interpretar e explicar as "queixas" do cliente, à luz de modelos científicos. Para que a terapia seja mais eficaz, é muito frequente que o cliente preencha inventários, escalas ou testes, no sentido de apurar de forma mais objetiva a informação importante. Paralelamente, são feitos exercícios e atividades, usando as técnicas/estratégias de intervenção que ajudam a atingir os objetivos da terapia. O psicólogo e cliente são ambos ativos no trabalho para a mudança psicológica. Desta forma, o cliente vai ganhando autonomia para lidar com os seus próprios problemas, aprendendo uma série de habilidades e tomando novas perspetivas. As técnicas e o modelo de intervenção cognitivo-comportamental têm demonstrado uma eficácia enorme ao longo das últimas décadas.
Fernando Magalhães